Dependência de Benzodiazepinas / vulgar calmantes
Primeira parte
A cada dia que passa, milhares de homens e mulheres são presos nas malhas de poderosas drogas, disfarçadas de fármacos com fins terapêuticos. Na verdade, a droga que mais toxicodependentes dá ao mundo é uma droga autorizada e receitada pelo protocolo da indústria da doença.
A benzodiazepina é um sedativo poderoso desenvolvido nos anos sessenta do século passado, com o propósito de ser usado em SOS, nas urgências de um hospital Psiquiátrico ou mesmo no consultório do médico Psiquiatra. Por ser um poderoso sedativo de rápido efeito, evitar-se-iam os atrozes e traumáticos eletrochoques tão usados nos tratamentos psiquiátricos.
Por ignorância, por falta de informação ou por oportunismo, incapaz de medir as consequências, as “benzos” ficaram em gestão praticamente livre, até ao início da década de oitenta. Além de estar dissimulada em milhares de nomes comerciais, também é usada em medicamentos, analgésicos e xaropes.
As “benzos” são drogas úteis e seguras, usadas em SOS, o seu uso terapêutico é fruto da má informação dos delegados da propaganda médica que ocultam aos profissionais da doença, os perigos do seu uso e abuso. Quem sofre é o utente, que procura um profissional para resolver um problema e acaba por receber uma escravatura para toda a vida.
Como tudo começa?
As duas causas mais comuns de entrar no mundo da toxicodependência é um mau sono e a ansiedade.
– O utente: “Sr. Doutor, ando a dormir mal, custa-me a adormecer”
– O profissional consciente pergunta: “O que é que se está a passar na sua vida que lhe está a tirar o sono?” “O que é que o preocupa?” ou então…, “Vê telejornais e telenovelas ou outra espécie de notícias trágicas antes de ir para a cama?”
Aí o profissional consciente fica a par do que está a tirar o sono ao seu cliente e mostra-lhe uma boa higiene de vida e o problema fica resolvido.
Mas…, o profissional pouco ciente dá uma benzodiazepina de curta duração para que o utente a tome antes de ir para a cama.
O utente toma a “benzo” antes de ir para a cama e fica sedado. E acorda de manhã, pensando que dormiu toda a noite. Mas o que aconteceu na realidade é que o sedativo de ação curta, dura +/- 5 horas, e a pessoa está na cama 7 a 8 horas. Aí, a falsa sensação que dormiu a noite toda. Mas o pior não é isso. É que, se existe um problema na vida da pessoa que lhe está a tirar o sono, ou se existe uma má higiene de vida, como por exemplo ver telejornais e telenovelas na cama ou até uma alimentação demasiado rica em vitaminas, ou outro transtorno físico, etc., etc. Assim tudo se complica, com a falsa ilusão de estar a dormir um sono reparador. O problema continua a alastrar na vida do utente e a possibilidade de ficar dependente desta droga é muito provável.
Independentemente da causa (problema) que estaria a tirar o sono ao utente, ela não ficou solucionada. Ela continua ativa em crescimento constante, acabando por se manifestar mais tarde ou mais cedo. Em forma de doença crónica, divórcio, falência, desemprego, etc. dependendo da causa.
A outro grande portão para entrar na dependência da droga (“benzo”) é a ansiedade ou medo sem causa/razão.
A ansiedade resulta da falta de confiança no processo e fluxo da vida, e tem como origem inúmeros fatores educacionais. Aqui o profissional não pode evitar de acudir ao seu cliente com uma “benzo” de ação longa, ao mesmo tempo que envia o seu cliente para uma boa escola de vida (correção de preconceitos). O que seu cliente precisa é de aprender a viver de bem com ele, com os outros e com o mundo.
Se isso não for feito…, as possibilidades de outros distúrbios emocionais e mentais surgirem é muito grande. A toxicodependência é inicialmente a mais provável, mas o problema não fica por aí. Embora se procure ocultar, todos temos conhecimento dentro do nosso ciclo de conhecidos e amigos de casos de homens e mulheres totalmente anulados para o sucesso (vida); mergulhados na inutilidade da ansiedade.
Espero que esta primeira parte do artigo sobre a dependência das benzodiazepinas tenha ajudado a esclarecer e que não seja mais um fardo de palha, que de nada serve, para quem na verdade, procura encontrar uma luz que guie e oriente, no caminho do bem-estar.
António Fernandes