Dependência de Benzodiazepinas/vulgar calmantes (Segunda parte)
Vamos retomar o ritmo claro e simples do artigo anterior, em que já vimos como se entra no inferno tenebroso da dependência química e procurar mostrar soluções perfeitas para quem deseja uma vida com sentido.
Uma dependência é sempre uma prisão que nos impede de viver.
A humanidade desperta de uma longa noite escura, e mergulha num manifesto caos evolutivo. Um estado caótico, próprio de qualquer mudança. Mas a verdade é que nos é mais fácil permanecer na “zona de conforto” do que entrarmos no fluxo do novo (desconhecido). A tendência mais comum é tentarmo-nos agarrar (ancorar) a algo que nos esteja próximo, para não irmos com a corrente renovadora da vida. A vida é fluxo de permanente novo. Mas é preciso saber como funciona a dependência para poder decidir em liberdade o que se deseja fazer.
Não importa qual a droga em que estamos ancorados (presos), a solução é largar.
Como fazer?
Antes de tomar qualquer decisão é indispensável que façamos a seguinte pergunta a nós mesmos: “Quero mesmo deixar esta dependência”? Se a resposta for não, assuma a dependência. Não negue, ainda não está preparado para se deixar ir no processo e fluxo da vida.
– Mas se já se sente cansado de ver a vida passar, adiando e deixando para trás projetos que desejava realizar…, é hora de largar a âncora e ir com a vida.
O que pode acontecer ao deixar para trás a âncora (dependência), em que se encontra preso?
Infelizmente, por falta de conhecimento, alguns profissionais da indústria farmacêutica e outros movidos pelo desejo de ajudar…, mas sem conhecimento para o fazer falam em “DESMAME”. O desmame é a maior causa de sofrimento daquele que sofre agarrado a uma droga, seja ela legal ou ilegal.
É preciso tomar-se consciência do sofrimento, perigos e prejuízos (muitas vezes irreparáveis) do “desmame” de uma droga.
Porque é tão doloroso o desmame de uma dependência?
Uma dependência (prisão a algo), caracteriza-se por dois fatores compulsão e obsessão. A compulsão (sintomas físicos de carência) e a obsessão é mental.
Como funciona?
Cada vez que a droga é reduzida, há um alerta físico (compulsão) de falta de algo. O corpo pede que reponham a dose habitual (aumentando sempre a pressão “ansiedade, espasmos, dor” atingindo o pico às 72 horas). Se a dose habitual não for reposta, o organismo vai se habituando à nova dose. Mas como está a reduzir (desmame), de novo tudo se repete. Sofrimento; sofrimento; sofrimento, até atingir o novo pico e voltar a estabilizar. E assim sucessivamente até não aguentar mais o sofrimento. Acabando derrotado, frustrado e muitas vezes com danos difíceis de reparar.
Para quem o desmame resulta?
Resulta para quem não está dependente. Mas se não é dependente, não existe compulsão física nem tão pouco obsessão mental.
Como fazer quando não se consegue suportar o sofrimento? Como a toxicodependência é uma doença de sentimentos e emoções, e a droga (neste caso a benzodiazepina) atua de forma diferente de pessoa para pessoa, não é possível deixar aqui uma receita que satisfaça todos. Mas o primeiro passo de quem está em sofrimento, é assumir que perdeu o controle, e procurar ajuda de alguém que confie. Aí a vida se encarrega de colocar as pessoas certas no momento certo. Seja responsável. Confie no processo e fluxo da vida. Pedir e seguir sugestões é uma boa forma de sair do sofrimento e entrar no curso da vida.
O alcoólico tipo 2, usa o álcool como o toxicodependente usa as drogas…, benzodiazepinas, cocaína heroína, etc. Ou seja, o Alcoólico tipo 2 usa o álcool na busca do efeito, não porque gosta de álcool. Aqui não há o uso social do álcool, nem se pode falar do abuso do consumo. Para tirar partido deste tipo de adição, surgiram os “Shots” e outras formas bem mais criativas de atingir o estado de “pedrado”; o máximo de efeito na mínima quantidade de bebida (num gole). Apesar deste tipo de dependência, estar mais relacionado ao dependente feminino, aos vitoriosos descontentes, e ás camadas mais jovens, pouco ou nada se tem feito para aliviar o sofrimento deste alcoólico que sofre, e não vê uma saída para a sua vida.
Nada acontece por acaso, sorte ou azar.
Continuar a explicar a doença, desintoxicação e recuperação, em nada beneficia, aquele que sofre. É certamente mais inteligente entender o que leva as nossas jovens esperanças, deste mundo, a procurarem a inconsciência, despersonalizando e anulando da própria vida. O que nos leva, ao não querer sentir a vida? porque procuramos no álcool e nas drogas anulação?
Então vejamos; É nos ensinado que, cada um de nós homens e mulheres que fazem parte da humanidade que povoam este maravilhoso planeta, estão aqui para fazer escolhas e tomar decisões. Mas, como o fazer em liberdade se; na cultura moderna ocidental, se foi desenvolvendo, pouco a pouco uma grande tensão entre o ser e o ter, a razão e a moral?
– Somos constantemente colocados sobre uma ética de conduta, com critérios contraditórios e antagónicos. Ora vejamos, para que sejamos realizados e felizes precisamos estar de bem com nós mesmos, com os outros, e com a natureza ou Deus como cada um o concebe ou entende. Mas…, em contrapartida somos profundamente pressionados por um mundo quantitativo, em que, as capacidades e aptidões criativas que cada um de nós desenvolve, só interessam se poderem ser convertidas em quantidade…, valores calculáveis; em poder; em dinheiro; em rendimentos.
Como isto não bastasse ainda somos, desde a mais tenra idade, pressionados para o conceito de normalidade. Um conceito perverso quando aplicado ao ser humano. Além disso, tornou-se claro que a nova tecnologia, da forma que está a ser usada, está a perturbar seriamente, o sistema ecológico, do qual fazemos parte integrante e depende a nossa existência.
A deterioração de nosso meio ambiente natural tem sido acompanhada de um correspondente aumento nos problemas de saúde. Quanto ao aspeto psicológico, a depressão, a esquizofrenia e outros distúrbios comportamentais parecem surgir de uma deterioração paralela de nosso meio ambiente social. Existem numerosos sinais de fragmentação social, incluindo o agravamento de crimes violentos acidentes e suicídios; o aumento do alcoolismo e do consumo de drogas; e um número cada vez maior de crianças com défice de aprendizagem e distúrbios de comportamento.
Mas há muito mais…, o mundo moderno está a ser flagelado pelas “doenças da civilização” doenças crónicas e degenerativas, tais como, as doenças cardíacas, o cancro, as escleroses multiplicas, e tantas outras psicossomáticas, fruto da inconstância entre o ser e o ter.
Falar de alcoolismo ou de qualquer outra dependência, não é difícil, mas tomarem-se verdadeiras decisões de mudança exige coragem. É preciso aceitar que os indivíduos que compõem a humanidade hoje, já nasceram mais evoluídos. Não conseguem aceitar sem drogas, a formatação competitiva (predadores) que o velho sistema ainda perpetua.
Para cada problema existe uma solução perfeita e criativa.
Apesar das comunidades terapêuticas já terem tido um papel de relevo na “recuperação de aditos”, hoje já não é suficiente, é preciso bem mais. Um adito é uma potência, sustida de consciência expandida. São os ativistas da mudança.
Hoje, os aditos de todo o mundo, consoante entram em recuperação, já se começam a concentrar em verdadeiros grupos de mudança de paradigma. Se és adito, depende de álcool ou outra droga, licita ou ilícita, e desejas mais esclarecimento não vaciles. Coloca as tuas dúvidas sem medo porque estás 100% protegido pelo anonimato.
Obrigado por estares no meu mundo
No próximo artigo continuamos com as drogas legais “as benzo”…
Este artigo é o primeiro de uma série de pequenos artigos que procuram trazer à luz uma das doenças mais difundida no mundo moderno a adição. Não só tem como objetivo uma visão ampla do problema, como o trazer soluções responsáveis (duradoiras), para todos que sofrem desta doença.
Quando se fala em adição ainda existe uma grande associação ao álcool, benzodiazepinas e a outras drogas químicas. Mas a verdade é muito mais ampla. Existem milhões de adictos que nunca usaram álcool nem químicos para alterarem seu estado de humor. É preciso despertar para o facto que existem neste momento milhões de adictos à internet, em todo o mundo, que apesar de estar a assolar a nossa juventude, também se expande a todas as faixas etárias. Há também centenas de milhares de pessoas adictas às compras, à comida, ao trabalho, ao furto, ao sexo, à pornografia, à comida saudável, às redes sociais, séries televisivas, telenovelas, noticiários, ao ginásio e a muitas outras adições como sucesso, poder, pedofilia, coodependência, etc.
O início e expansão da Adição
A aparente realidade atual está na raiz da adição. O mundo e a humanidade em geral está a passar pela maior transformação que há conhecimento em toda a sua história. Todos procuramos ser felizes e realizados, num mundo altamente competitivo, ainda regido por um paradigma separatista/dualista em que se privilegia o estar em detrimento do ser. Como o estar é transitório e o ser é perene, fica-se sujeito ao efémero, e esquecemos o permanente. Diz-se que o mundo é dos espertos oportunistas…, e são eles que o governam.
Mas na verdade, se nos agarramos ao momentâneo, criamos insegurança (medo). Tornamo-nos fábricas de medo. Como adito em recuperação, e com a experiência de mais de 20 anos a conduzir outros adictos à liberdade, estou convicto que a maior parte das pessoas deste mundo, não consegue lidar com a insegurança produzida pelo obsoleto paradigma vigente. Dessa incapacidade, surgem sentimentos de frustração, solidão, medo, em lugar da paz de espírito realização…, o vazio.
Crenças sobre a adição.
Porque a doença se chama adição?
Adição significa soma (juntar algo) Eu + Algo (não importa se é álcool, droga, internet etc.) completo-me (altero o estado de humor).
Como a adição é uma doença caracterizada pela negação, o adito nunca admite o seu problema. Tenta ser sempre diferente, para poder dizer que não é igual ao outro.
Como funciona?
A adição é uma doença de compulsão e obsessão. A compulsão é física e funciona como motor de arranque e a obsessão é mental perpetuando a progressão da doença (pescadinha de rabo na boca).
A adição tem cura?
Não se pode falar em cura, mas sim em recuperação (transformação/mudança).
Como somos todos diferentes, e existe uma grande variedade de adições, e todas elas têm como objetivo alterar o estado de humor, vou deixar aqui alguns motes para os próximos artigos me dedicar a desenvolver algumas das mais urgentes. Calmantes (benzodiazepinas), álcool, internet, e todas as outras que me seja solicitado pelos leitores ou clientes da casa escola António Shiva®.
O próximo artigo vamos abordar o alcoolismo seu processo, no uso social, abuso e dependência. Desintoxicação, abstinência e recuperação.
Obrigado por estares aqui comigo, as sugestões e dúvidas são bem-vindas.
Uma perspectiva alargada do risco do álcool e da doença alcoólica, nas suas múltiplas repercussões e incapacidades, atingindo diferentes grupos e estendendo-se aos mais variados campos e sectores, tem obviamente vindo a engrossar o vasto leque dos PLA, cuja tipologia poderá ser esquematizada:
Problemas ligados ao álcool, no Indivíduo : Efeitos episódicos agudos de um forte consumo de álcool; consequências de um consumo excessivo e prolongado de álcool; efeitos de um consumo de álcool em determinadas circunstâncias (ex.: gravidez, aleitamento e menoridade).
Problemas ligados ao Álcool, na Família do Bebedor: Perturbação da Família e do Lar do Alcoólico; a descendência do alcoólico – crianças «filhas de alcoólicos» e suas perturbações.
Problemas ligados ao Álcool, no Trabalho: Diminuição de rendimento laboral; aumento do absentismo e acidentabilidade; reformas prematuras.
Problemas ligados ao Álcool, na Comunidade: Perturbações nas relações sociais e da ordem pública; delitos, actos violentos, criminalidade; desemprego, vagabundagem; degradação da saúde e do nível de vida e bem-estar da Comunidade; acidentes de viação.
Alcoolismo, admite-se que certas características da personalidade podem estar na base da procura do efeito psico-farmacológico do álcool.
Por outro lado, admite-se hoje, já, que o «equipamento genético», que cada indivíduo tem para fazer face ao risco que o álcool constitui, varia de indivíduo para indivíduo, por vezes de família para família, e pode traduzir-se por variações na actividade enzimática interveniente no sistema de oxidação hepática do etanol e em outros aspectos do metabolismo.
A continuação das investigações neste campo virá esclarecer, por exemplo, as diferenças de reacção fisiológica ao consumo de álcool apresentadas por certas raças orientais e caucasianas, explicando nestas a eventual protecção à alcoolização da população, ou, pelo contrário, o aumento de uma morbilidade alcoólica em ascendentes e descendentes de alcoólicos graves.
As tentativas para compreender a criação e desenvolvimentos da dependência (dupla habituação fisiológica e psicológica ao álcool) vão, cada vez mais, situando os seus alicerces em conhecimentos neuro biológicos e bioquímicos (efeitos do álcool sobre metabolismos, interacção do álcool com os neurotransmissores cerebrais, efeito sobre as membranas e receptores, alteração das respectivas composição e funcionalidade).
A sintomatologia da síndrome de abstinência ou privação põe em relevo modificações bruscas induzidas nos sistemas vários de compensação cerebral criados pelo consumo continuado. Entre as correntes psicológicas explicativas da criação da dependência no indivíduo, destacamos duas.
A primeira fundamenta na «organização e funcionamento do indivíduo» a procura do álcool. Este desempenha para o indivíduo o «objecto substituto» privilegiado, num histórico evolutivo de uma personalidade pré-mórbida oral e narcísica.
O alcoolismo é, assim, para os psicanalistas, um sintoma, «manifestação de um conflito não resolvido». A segunda, de natureza comportamental (Watson, Skiner, Miller), defende que o alcoolismo deixa de ter o significado de sintoma para constituir ele próprio a doença, sinónimo de comportamento inadaptado e mal aprendido e, por conseguinte, patológico.
Pela sua acção ansiolítica, o álcool, tornado agente habitual de redução de tensão e ansiedade, de produção de alívio e bem-estar, constitui reforço para a persistência e repetição do comportamento alcoólico.
Relativamente a factores ligados ao Meio, assumem uma indiscutível importância os fenómenos sócio culturais e económicos, imprimindo características na própria intoxicação (alcoolização contínua dos países vitivinícolas; alcoolização intermitente dos países anglo-saxónicos, por exemplo) e no seu quadro clínico os hábitos, tradições, mitos, falsos conceitos (por exemplo: beber “para aquecer”, “para ter mais força”, “para abrir o apetite”, “para fazer a digestão”, “para matar a sede”, etc.); as diferenças culturais e religiosas (por exemplo, entre religiões islâmicas e cristãs); as normas socio-culturais rígidas influenciando hábitos e controlo da alcoolização em grupos étnicos “transplantados”, por exemplo, os grupos chineses nos EUA, que vão de culturas onde a presença e tolerância ao álcool é reduzida, para locais de maior consumo e permissividade à substância – etanol; o papel exercido pelo tipo de profissão, pela publicidade, pelas políticas de oferta e disponibilidade de álcool, etc..
Em suma, tem faltado ao estudo do Alcoolismo e seus problemas uma teoria etiológica geral que permita ajuizar, com o grau de precisão desejável, da importância relativa das suas possíveis e diversas causas, empolando alguns autores a importância dos factores individuais, empolando outros a dos socio-ecológicos e culturais.
Sem menosprezar a contribuição de umas e outras correntes, Cartwrigt e Shaw, em 1978, salientam a importância fundamental de uma interinfluência de todos esses factores – sociais, económicos, psicológicos, fisiológicos – sendo nesta interinfluência e interacção que se criam e desenvolvem as duas grandes e fundamentais determinantes da prevalência do Alcoolismo: os modelos de consumo e a vulnerabilidade ou protecção de cada indivíduo.
É um modelo multifactorial de extrema utilidade na abordagem dos Problemas Ligados ao Álcool. Em contraste com modelos tradicionais e unitários do Alcoolismo, esta abordagem reconhece distintas «etiologias»: as influências socioculturais, os fenómenos psicológicos, os efeitos dos mecanismos de aprendizagem social.
Contribuindo para um melhor conhecimento da génese biopsicossocial que a alcoolização constitui, abre novas expectativas, que vão assentar em novas dimensões e implicar, obviamente, áreas e pessoas até há pouco mantidas fora das estratégias e acções preventivas do Alcoolismo.
Fontes: Álcool e problemas ligados ao álcool em Portugal – Mª Lucília Mercês de Mello | José Barrias | João Breda
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